Carollina Lauriano | Boobam

O mundo artístico passa por uma transformação efervescente pós pandemia.

O retorno das grandes feiras de arte, a volta das exposições e residências presenciais e um fôlego cada vez maior no mercado. Na sua opinião, quais são os pontos positivos - e, se houverem, negativos - desse barulho todo em torno da arte contemporânea?

"Como pontos positivos, eu aponto que quando o mundo estava em silêncio, as pessoas ficaram mais sensíveis a conteúdos que as fizessem se aprofundar em algum assunto, e arte era um deles, então a procura por cursos na área cresceu demais."

"As pessoas passaram a entender a internet como um lugar de democratização desse campo do conhecimento, os museus cresceram demais em público virtual. A questão negativa é sempre o receio das pessoas considerarem isso uma prática temporária."

Qual é o seu conselho para os aspirantes à colecionadores de arte?

"Colecionismo é algo individual, e que reflete seus interesses em arte, por isso é importante fugir de tendências e trazer para perto objetos que tenham relação com seu íntimo."

Você lembra a primeira obra que adquiriu? Se sim, qual era o motivo do encantamento?

"Muito provavelmente foi uma fotografia do Nino Cais. Nós já éramos amigos e eu era apaixonada pela relação afetiva que ele estabelecia entre seu corpo e objetos do cotidiano, mas foi quando eu vi a sala dele na 30ª Bienal (2012), que eu realmente quis ter um trabalho, o conjunto de obras ali expostos mexeu muito comigo."

A próxima exposição da Boobam Arte conta com a produção de dois artistas bem distantes no tempo, mas próximos na poética. Como acontece o diálogo entre esses dois corpos de trabalho?

"Quando eu pensei nessa proposta curatorial, queria refletir sobre esse acervo em construção e pensar sobre as inúmeras possibilidades de encontros reunidas dentro da Boobam Arte. Então, pra mim, faria sentido juntar duas gerações distintas em um diálogo, pensando nas proximidades e distâncias entre elas."

Por último, pode contar para a gente três exposições imperdíveis rolando atualmente em São Paulo e/ou no Rio de Janeiro?

"Marta Minujin, na Pinacoteca (SP). Helena Almeida , no Instituto Moreira Sales (SP) e O Equilíbrio dos Barrancos, no Museu das Favelas (SP), que faço a curadoria e deriva de um projeto social de educação continuada em artes para jovens em situações de vulnerabilidades."