Tudo aqui não está onde esteve.
Explore a curadoria de Shion L, coordenadora de educação do MAM-RJ.
Explore a curadoria de Shion L, coordenadora de educação do MAM-RJ.
“Às vezes, desperto às três da manhã e, estendido no chão, questiono se sou um humano ou um animal, deste século ou de qualquer outro, se existo ou só tenho materialidade na ficção. A casa vazia é o museu terráqueo do século xxi, e meu corpo — nu, sem nome, mutante e despossuído — é a obra.”
— Paul B. Preciado
Seria impossível empilhar uma à uma, com precisão, as linguagens que contribuíram para a aproximação da arte ao ambiente doméstico na história cultural. Ainda que a imagem, a escrita e as artes decorativas estejam constantemente de mudança, seja de apartamento ou trocando os papéis de parede de seus espaços de enunciação, seria impossível, mesmo assim, dissociar o corpo do lugar onde se dorme, ou o sujeito de suas moradas transitórias.
Se em Casa vazia, o filósofo espanhol Paul B. Preciado (2016) nos escreve por meio do trânsito entre países; territórios; nações, aqui escreve-se sob trânsito entre cômodos — o quarto, a sala, a despensa — a casa como espaço de produção e autoficção.
É através deste enunciado, em que tudo aqui não está onde esteve, que a presente mostra apresenta uma seleção de 15 obras que suscitam um diálogo entre o espaço da casa, seus ambientes físicos e ficcionais. Por meio da metalinguagem e paradoxos entre representação e lugar de criação, o conjunto sugere um espaço de interlocução entre os imaginários domésticos e a selvageria dos cotidianos.