Fervura de imagens, babel pictórica. Típico de nosso tempo, por certo. Com Lindote, porém, tudo depura, transforma-se num comentário certo, complexo e imersivo. É o trabalho de quem viaja exaustivamente pela história da arte, buscando em produções de outros tempos e lugares pistas para solucionar enigmas que circulam entre nós. Na verdade, investigar a problemática de uma suposta origem da prática artística está no centro da pesquisa de Lindote. Ele tenta mergulhar nas intenções e práticas de um outro momento para, em seguida, problematizar qualquer redução que limite o olhar para a diversidade inevitável. Não é uma tarefa fácil, nem previsível. Logo, seu trabalho assume uma carga semiótica potente, de flores, animais, paisagens, vênus, teorias, gestos e manchas que se camuflam, criando profundos diálogos entre as tantas referências visuais que atravessam suas observações. A técnica traz o preciosismo da tradição, mas não sem crítica, já que é na a análise in loco da superfície das pinturas, a observação de suas marcas, a verificação das camadas de tinta, o estudo das composições, o entendimento do movimento das pinceladas e tudo mais que ele percebe e investe em seu próprio modo de fazer. E assim, faz surgir seu mundo próprio.