Aqui, Gosling utiliza açaí em pó como principal elemento, além de ervilhas, pétalas de rosa e pedrinhas brancas. Há também um adereço de tutu de bailarina, que remete a carruagem que transporta a Nossa Senhora de Nazaré da procissão, um elemento bem barroco.

Maior manifestação católica do Brasil, o Círio de Nazaré, procissão em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, reúne mais de dois milhões de pessoas em Belém, Pará. Esta festa popular foi reconhecida em 2013 pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, e é celebrada anualmente desde 1793, no segundo domingo de outubro. Devoção herdada dos colonizadores portugueses, funciona como um alimento para a alma dos fiéis.

Em “Nazaré”, de Renato Gosling, a representação da Santa é literalmente criada de grãos, o que lhe oferece novos significados simbólicos. A corda, introduzida em 1855, puxa o oratório que leva a imagem da Virgem e, oficializada em 1868, é considerada sagrada. Fiéis buscam tocá-la para pagar promessas, pedir bênçãos e prestar homenagens. Chuvas de pétalas de rosas são tradicionais ao percurso, e a cor aparece no trabalho justamente para nos encantar.