Uma relação afetiva e formal com a obra “Composição (Figura Só)”, de Tarsila do Amaral, ao traduzir, em linguagem tridimensional e funcional, a essência silenciosa, robusta e poética da figura solitária criada pela artista.

A estrutura da peça evoca diretamente a personagem central da pintura, com seu corpo corpulento, braços curvos e expressão introspectiva. As formas arredondadas e acolhedoras da peça remetem à linguagem plástica da obra: simplificação extrema, organicidade e uma sensação de presença quase escultural.

A paleta suave, com tons terrosos e azul profundo, também conversa com a atmosfera emocional da tela: um equilíbrio entre delicadeza e força, entre melancolia e monumentalidade. Assim como na figura de Tarsila, há aqui uma tensão sensível entre o peso físico e a leveza visual.

Mais do que uma referência estética, esta mesa é uma extensão do gesto da artista: ela dá corpo e função a um sentimento de interioridade, fazendo do objeto um lugar de presença, de escuta e de contemplação.