Uma relação afetiva e formal com a obra “Les Demoiselles d’Avignon”, de Pablo Picasso, ao traduzir em linguagem tridimensional e funcional a ruptura formal, a fragmentação do corpo e a tensão geométrica que marcam o nascimento do cubismo.

A composição da peça remete à decomposição dos corpos femininos da pintura, onde figuras são representadas por volumes quebrados, ângulos agudos e geometrias dissonantes. Aqui, essas formas são reorganizadas com equilíbrio escultórico, mas ainda guardam a mesma força construtiva e o mesmo jogo de planos que desafiam a leitura tradicional do corpo e da forma.

A paleta, com tons terrosos, azulados e rosados, também remete ao clima cromático da obra original: sensual, ancestral e ao mesmo tempo moderno. A peça assume uma postura quase totêmico, sugerindo presença corporal e estrutura arquitetônica.

Mais do que uma inspiração formal, essas peças funcionam como uma interpretação volumétrica da pintura.