Nesta fotografia, Gosling cria a imagem do calçadão sobre o chinelo com pedrinhas foi pintadas individualmente à mão e colocadas lado a lado com uma pinça. Os chinelos têm tiras verdes, aludindo à natureza brasileira, e o azul remete ao movimento do mar.

“Copacabana” parte de dois elementos que representam o Brasil no exterior: as sandálias de borrada da marca Havaianas e o desenho que identifica o calçadão da célebre praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Inspirado em uma típica sandália japonesa, conhecida como Zori, formada por um fino solado de palha de arroz e tiras de tecido, o design das Havaianas foi criado em 1962 pela São Paulo Alpargatas, que utilizou a borracha como matéria-prima e ganhou o mercado nacional e internacional.

O mosaico do calçadão da praia de Copacabana, por sua vez, foi feito com calcita branca e basalto negro pedras portuguesas, representando as ondas do mar a partir de um traçado da Praça do Rocio, em Lisboa, que alude ao encontro das águas doces do Rio Tejo com o Oceano Atlântico.

A implantação foi feita, no início do século XX, por um grupo de calceteiros também vindos de Portugal. O formato atual foi definido na década de 1970, com a ampliação da Avenida Atlântica. Coube ao artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx modernizar a calçada. No processo, ele alterou a posição dos formato das ondas: ficou paralelo e não mais perpendicular à praia.

A obra resultante evoca ainda que a marca Havaianas passou a designar o próprio calçado. Existe ainda um rico diálogo entre as ondas nele presentes e as do fundo da impressão. Esta conversa entre o real e o imaginário é da natureza da arte. Os chinelos parecem andar suspensos sobre as águas. Estão sobre elas como representantes de uma nação que parece estar sempre caminhando sobre uma estrutura líquida que ameaça um naufrágio que nunca realiza-se completamente. Resista-mos!