Ter a mente aberta para novas possibilidades era a principal característica de “Infância com Afeto”, exposição individual de Renato Gosling que esta obra integrava. Esta e as demais obras da exposição surgiram da capacidade de lidar com memórias, afetos e acasos de modo a construir um universo lúdico em que a emoção, a técnica, o engenho e a arte se encontravam. Para isto, as obras, realizadas com diversas técnicas e suportes, estavam penduradas à altura dos olhos das crianças. Isto significa que os adultos encontravam cadeiras nas quais podiam se sentar como se fossem crianças. Existia, portanto, uma inversão do olhar clássico da galeria de arte, em que os adultos são privilegiados.

O objetivo da exposição era justamente que as crianças aproveitassem ao máximo a experiência de olhar tudo a sua altura, obrigando os adultos a um reposicionamento do físico e da própria capacidade de perceber. Assim, tornou-se possível o estímulo a novas maneiras de enxergar a arte, por extensão, o mundo. A exposição também propunha promover a liberdade do pensar e do agir. Cada espectador podia se relacionar com as obras como preferisse, usando as cadeiras ou não. Assim, a partir de objetos e afetos ligados a suas memórias de infância, Gosling transformou suas memórias particulares em interações lúdicas coletivas.