Barroco Laundry faz parte de um projeto que quer levar a uma reflexão sobre o nosso olhar em relação ao cotidiano e ao corriqueiro. A percepção do que nos cerca geralmente vem carregada de ideias pré-concebidas que moldam nossa reação ao mais ínfimo detalhe. Ao descontextualizar os objetos retratados, alterando a noção de tempo e de lugar, esta série também explora a nossa memória visual e convida o espectador a ter sua própria interpretação das imagens.
O olhar nunca é passivo e o significado é construído em camadas, de acordo com a experiência de cada um. Além disso, as fotos sempre contam uma história e possuem uma narrativa subjacente. As ambiguidades e o aspecto inusitado dessas imagens me interessam no sentido de que nos surpreendem, desenraizam nossa percepção ao desorientá-la, e nos ajudam a reinterpretar o que nos cerca, a explorar um novo paradigma dentro da banalidade das coisas do dia a dia.
Hoje, na maior parte das grandes cidades, o ato de secar as roupas na varanda ou é proibido, por deixar a aparência do prédio como uma “favela", ou é desaprovado, por causar incômodo a algumas pessoas o fato de ver as roupas íntimas de alheios à mostra. Aproveitando do “voyeurismo" da fotografia e da liberdade dada ao olhar do artista, a série Barroco Laundry conjuga "low culture" com "high art", procurando repensar a leitura estereotipada da prática de secar as roupas nos varais. Barroco Laundry também remete ao tempo em suspensão e à transitoriedade dos eventos que nos lembram da nossa própria efemeridade em um mundo pautado pela transformação e pela fragilidade. No caso específico desta série, tudo está em movimento e nada se repete. O acaso reina absoluto. A imagem retida em um enquadramento não é a mesma um segundo após.
Este trabalho se ancora no poder libertador da fotografia que, ao dissociar objetos de seus contextos habituais, subverte seus significados originais e questiona nossa maneira de apreender o que nos cerca. Em outras palavras, trata-se de uma tentativa de ver o mundo com olhos livres, como já defendia Oswald de Andrade no seu Manifesto Pau-Brasil.
Detalhes da técnica
Fotografia impressa em papel fine art 100% algodão
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